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O grande impacto dos pequenos gestos

O lado maravilhoso da vida, que geralmente nos passa ao lado, ilumina-se sempre que vejo alguém dedicar-se de forma altruísta em prol do bem estar do próximo. Não me refiro à busca forçada de situações para ajudar, mas antes a estar atento às que vêm ter connosco, para que não passem ao nosso lado sem lhes deitarmos a mão, sem nos darmos ao trabalho de tentar perceber o que aquela pessoa precisava. Aquilo que vai condicionar o nosso impacto positivo no mundo vem geralmente ter connosco! Não é necessário correr atrás da ajuda ao próximo ou de altruísmo forçados. É necessário sim estar atento e saber receber de braços abertos as situações ou pessoas que vêm ter connosco. Estar consciente de tudo o que nos envolve e estar consciente de nós próprios, resulta em situações quase maravilhosas de dar e receber ajuda, sem custo e sem dor. Tudo o que nos acontece tem um propósito e uma razão de ser. Tudo de bom mas tudo de menos bom também. Se aconteceu é porque era necessário, porque hav

"Cadáver adiado que procria"

Tinha este texto escrito já há algum tempo nos rascunhos (5 anos talvez). Não o tinha publicado ainda pelo carácter menos optimista que passa. Apesar disso a mensagem de alerta e chamada de atenção é válida pelo que resolvi retirá-lo dos rascunhos publicá-la agora. Q uando olho à volta, nesta nossa sociedade de vistas curtas, mais acho que o ser humano segue em piloto automático para a sua própria danação. A maioria de nós entregou-se a um estereotipo de vida em que é suposto estudar, casar, ter filhos, comprar uma casa, comprar um carro melhor que o do vizinho, um televisor maior, uma aparelhagem especialíssima, e tantas outras coisas vãs e supérfulas com que construímos o castelo imaginário à nossa volta, castelo esse que nos "protege" de termos que nos confrontar com as misérias e sofrimentos alheios e nos ajuda a distanciarmo-nos dos constantes atentados à natureza, para os quais contribuímos, como se o nosso "castelo" fosse uma ilha independente, pro

"Viva la Vida"

Hoje tive um dia fantástico! E na realidade nada de inesperado, grandioso ou surpreendente aconteceu. Aconteceu apenas que me lembrei de olhar para a minha vida de uma forma menos habitual. Aconteceu apenas que me lembrei de dar o devido valor às pequenas coisas de um dia normal. Não aconteceu nada que não tivesse acontecido em dias anteriores. Olhei para o nascer do Sol por entre as nuvens, resultando dessa imagem um quadro memorável que se tivesse tido a oportunidade de ter sido pintado por um dos grandes Mestres, seria certamente imortalizado! E eu tive esses espectáculo diante dos meus olhos. O Sol deu-se ao trabalho de dar-nos aquele espectáculo, e naquele momento lembrei-me dos outros tantos dias que pela pressa e preocupação nem me dei ao trabalho de olhar para ver se ele estava lá. Olhei à volta, e tal como eu nos dias anteriores, todos passavam na sua azáfama, sem se apreceberem da maravilha que estavam a perder. Lembrei-me de imediato do cego q

Onde está Deus?

Desde sempre, que me lembro que sou gente, me perguntei quem seria Deus! Um pai magnânimo, omnipresente e omnipotente diziam-me uns; O ser mais bondoso e compreensivo diziam-me outros; O criador do Universo, que nos fez à sua imagem; Ou ainda o supremo juiz que nos vai mandar para o céu ou para o inferno? Que raio de ser é esse que é tão bondoso mas que ao mesmo tempo nos faz andar em constante terror de sermos castigados? Que raio de ser é esse, tão omnipresente e omnipotente, mas que é incapaz de mexer uma palha para impedir a maldade e os horrores que se passam no mundo à nossa volta? Com base nestas informações tão contraditórias larguei numa busca por esse personagem. Quanto mais procurava mais confuso ficava, sem perceber que não era Deus que me baralhava, era sim a interpretação que dele fazemos nós. Cada um de nós tem o seu Deus que mais lhe convém, e como as conveniências de cada um são todas diferentes, temos tantas interpretações de Deus quantas as pessoas do mundo.

Rio de Vida

A vida é como um rio, um curso de água imparável onde seguimos com todos que nos rodeiam. Um curso com muitos portos de embarque e desembarque, em que vão entrando e saindo as mais variadas personagens. Uns deixam-no a meio do nosso percurso e ficam para trás. Outros entram a meio do caminho para nos surpreender. Quando olho para os que em tempos me acompanharam, amigos hoje perdidos, avós falecidos, namoradas do passado, colegas de trabalho e outros, sinto necessidade de agradecer a todos; todos me preencheram a vida, todos contribuíram para o que sou hoje, todos, quer aqueles que me favoreceram quer os que me prejudicaram, participaram na construção do meu ego e muitos ainda irão contribuir para o Eu que um dia vai chegar ao términus deste rio de vida. O nosso porto de desembarque está algures lá à frente, à nossa espera, com data e hora marcada. Espero que ao olhar para trás, no momento imediatamente antes desse desembarque, possa dizer: -Foi muito bom ter vivido! Aos que já não m

Em Risco

Estar com a vida em risco, nem que seja por um escasso instante, faz-nos entrar na fronteira da nossa realidade e ficar, sem dar por isso, na fronteira dos nossos valores. Entra-se como que num limbo, onde a intuição se desenvolve com um sexto sentido, funcionando em contínuo onde antes existiam apenas aparições esporádicas e momentâneas. Após esse momento, por onde quer que passava, avaliava automaticamente os potenciais riscos; dava por mim a controlar trajectórias das pessoas, a corrigir velocidades dos meus passos, para não entrar em círculos de risco. É incrível como, nessas situações, o sentimento de vazio e solidão deixa espaço livre para o pensamento. É possível isolar momentos, emoções passadas e avaliá-las por si só sem interferências, quer de outros sentimentos à mistura, quer de preocupações presentes que deixamos que enevoem a clareza do pensamento: uns mais recentes e outros mais distantes. Quando o valor da vida é insignificante, qualquer problema que atormente essa mesm

Moda

A moda é um conceito estranhíssimo!! Alguém decide que agora se deve usar a roupa X ou Y, a cor W ou Z e todos passam a vestir-se de igual ou, numa versão menos radical, passam todos a vestir-se dentro de uma mesma corrente. Onde estará a origem deste estranho comportamento? Será que isto decorre do tribalismo inicial quando o homem sentia necessidade de pertencer e de se identificar com o grupo ou clã, para se sentir protegido e poder sobreviver? Nessa altura compreendia-se que para evidenciar uma maior coesão, se vestissem todos de igual e se pintassem da mesma cor! Mas nos dias de hoje? A necessidade de sobrevivência e de protecção do clã já não corre esse tipo de riscos e, portanto não deve ser por isso. Será que uma falta de gosto generalizada, resultante de deficiente sensibilidade e educação estética, leva uma certa maioria a adoptar os padrões de uma minoria pseudo-iluminada? Também não me convence esta! Será então unicamente uma vontade de variar? O resultado de nos cansarmos

"Copo meio cheio, meio vazio"

A forma como olhamos para a vida é uma sequência de meios copos. Copos meio cheios alternados com copos meio vazios. Algures no meio desta alternâncias vamos definindo a nossa felicidade, felicidade essa que depende da nossa capacidade de ver o meio copo meio cheio, ou de tentar não ver o copo meio vazio. Quando desejamos algo em demasia, a vida nesse momento assemelha-se a um copo meio vazio. Quando não esperamos ou não exigimos muito, o que se nos depara pelo caminho é antes um copo meio cheio. Poucos são os que olham para o seu copo com a capacidade de o ver cheio. A esperança ou a ambição, apesar de diferentes, levam-nos a procurar a metade que falta encher. Não há nisso nada de mal, desde que não nos esqueçamos que a metade existente deve ser aproveitada, gozada e vivida. Se nos dermos ao trabalho de olhar para a metade do copo existente, poderemos talvez descobrir que essa água é afinal um enorme oceano, uma mar de vida que se nos dermos ao trabalho de mergulhar nele não teremos

Sorrisos

Sorriam!!! O mundo está cheio de coisas boas!! Há sempre alguma razão para sorrir, tal como há sempre alguma razão para optar por estar mal disposto. A diferença está na escolha de uma dessas razões para pautar o nosso dia. É engraçado como nós, conseguimos ser o que há de melhor no mundo, mas conseguimos também ser o que há de pior. Qual será o decisor, o gatilho que faz uma pessoa ser simpática, ter uma atitude altruísta e bonita para com os outros, e que outro gatilho nos faz, passados dias, andar antipáticos e, eventualmente, sermos capazes de atitudes más e mesquinhas? Nós somos um reflexo do que fazemos, e tudo o que fazemos gera energia! É essa energia que transmitimos aos outros. O que eu chamo de energia são apenas as nossas atitudes e o poder que elas têm de influenciar quem nos rodeia. A disposição que pomos no nosso dia a dia é transmitida a todos que nos rodeiam. Para tentar explicar melhor imaginem estas duas situações opostas: Acordarmos ao lado de uma pessoa

"Férias"

Férias!!! Que conceito é esse? O que serão realmente as férias? Será apenas uma pausa no nosso quotidiano? Será descanso? Será quebrar a rotina? Ou simplesmente enterrar a cabeça na areia (de uma praia) e ficar a torrar ao sol sem pensar em nada?? Para fazer férias será necessário uma semana, 15 dias, um mês, ou mais? Há quem julgue que fazer férias é apanhar um avião, fazer milhares de quilómetros para ficar numa praia, não tão diferente assim das que temos à porta de casa, a umas dezenas ou centenas de quilómetros.A areia pode ser mais branca, ter um coqueiro a mais e a água ser um pouco mais quente que a praia de nossa casa, mas será que é isso que faz a diferença? O que procuramos afinal? A maioria, quando vai para um país estranho (o termo mais correcto seria diferente), faz geralmente aquilo a que eu chamo de “Férias de redoma de vidro”, em que teimam em levar o seu mundo consigo, escolhendo locais que lhes permitam um conforto à sua própria imagem. É como se levassem atrás

Espontaneidade

A espontaneidade é um tesouro cada vez mais raro! Se tentarmos pensar quando foi a última vez que fomos espontâneos, em qualquer tipo de espontaneidade, somos capazes de ter alguma dificuldade em lembrar quando. Já vos apeteceu, por exemplo, chegar à praia e numa duna desatar a rebolar pela duna abaixo, e não fazê-lo porque há pessoas a ver que nos podem achar doidos... Doidos porquê se provavelmente lhes apetece fazer o mesmo? Ou então estarem tão felizes que simplesmente vos apetece começar dançar? Decerto que a todos já apeteceu isso! Mas são muito poucos os que o fizeram ou tiveram a sorte de ver alguém a fazê-lo. São muito poucos os que se borrifam para os espartilhos da sociedade. Outro tipo de espontaneidade quase eliminada é a que permitiria chegar ao pé de uma pessoa de quem se goste e espontaneamente dizer pura e simplesmente – "Gosto mesmo de ti", ou "És uma pessoa fantástica" ou, numa versão mais formal "Admiro-te mesmo". Quase ni

"Olhares"

Sento-me às vezes a ver o mundo passar. Olhar para as preocupações de quem passa, reparar que a preocupação de sobreviver é maior que a de existir, que o seu pensamento não sai de si. Poucas pessoas existem conscientemente. Dá menos trabalho existir da sobrevivência diária. Os elementos da paisagem se é que assim se podem chamar existem para quem passa apenas como obstáculos ou elementos figurativos do seu trajecto e raramente são vistos como elementos de pleno direito. Quem passa não vê, olha apenas. Olha o caminho para poder passar, olha para se desviar, olha os vultos que passam com ele mas não vê. Não vê o que faz nem porque o faz, ou se alguém passa por ele a fazer. Uma vez ou outra passa alguém que faz, que sabe e sente, mas opta por seguir despreocupadamente no rebanho para não destoar. Não o censurem, se não o fizesse era tomado por suspeito ou tornava-se em alvo de atenção geral, olhado talvez como um animal exótico. E vão todos passando... Vejo um miúdo passar com o seu cão p

"Justiça Divina"

”Deus na sua infinita justiça..." Sempre que oiço esta frase questiono-me sempre sobre o tipo de justiça aqui referida. Apetece-me dirigir para quem o diz, forçar o ar mais inocente de baralhação, levantar o indicador com uma falsa vergonha e perguntar como quem fala com uma criança de cinco anos: -Importa-se de me explicar o que é isso de "Deus e a sua infinita justiça"? Ficando a seguir a observar os esgares parvos que vêm associados ao leque de respostas prováveis: O de uma ignorância atrapalhada de quem não teve sequer elasticidade mental para questionar individualmente Deus, o infinito ou a justiça e é confrontado de uma só vez com "Deus na sua infinita justiça"; O ar doutoral de quem sabe explicar o significado lexical de cada uma das palavras e que se sente na obrigação de dizer algo profundo e filosófico; O daqueles que se viram para nós indignados perguntando - Não sabe o que é Deus e a sua infinita justiça ? que Ele tenha piedade de si- ao que eu cont

"Decisões"

Quando temos alguma decisão importante a tomar na nossa vida e não sabemos o que fazer (por um lado queremos muito fazê-lo, por outro achamos que não devemos) há uma forma fácil de tomar a decisão: imaginem-se daqui a uns dez anos a olhar para trás, para a vossa vida, perspectivando-a para cada uma das decisões que tomaram. Numa delas vão sentir alguma mágoa, enfado ou arrependimento. Essa é seguramente a decisão a não tomar. Há a tendência natural de nos deixarmos ficar parados em situações estagnadas e que não nos trazem felicidade, seja por medo do desconhecido, medo da solidão ou por habituação associado a uma falta de coragem de partirmos em busca do que é realmente melhor para nós... Temos o defeito comum de achar que qualquer que seja a decisão que tomemos, não é determinante nem definitiva; que podemos sempre adiar o que realmente queremos e ir fazendo aquilo que é esperado de nós. Mas cuidado porque isso não é verdade. Façam o exercício que referi atrás: imaginem-se daqui

"Felicidade"

Perguntem-se onde está a vossa felicidade, aquela a que sempre aspiraram. Perguntem-se quando construíram a outra que têm e o que pensam fazer com ambas. Feliz é a felicidade que é simplesmente feliz. Aquela que para ser alcançada não exige qualquer sacrifício ou imolação. Será que alguém a conhece? Para se poder ser feliz na felicidade escolhida, é necessário ter o cuidado de nunca se fazer dela uma religião sem altar. O altar é, não só o local nobre do culto para onde se canaliza o maior fervor, mas também o local em que são executados os sacrifícios. Não percam nunca o vosso altar de vista, pois assim saberão sempre o que procurar, e saberão sempre também o que estão a sacrificar ao longo da vossa vida. Os maiores sacrifícios na nossa passagem pela vida são aqueles que passam despercebidos. Aqueles que só nos apercebermos quando mais tarde lhes sentimos a falta e já não há forma de os recuperar. Qualquer vislumbre de felicidade resulta quase sempre de uma opção em que algo tem que s

Heróis

A falta de heróis é uma consequência directa da falta de valores actual. A inexistência de heróis não é real; eles existem. O que já não existe são os valores pelos quais nos possamos bater e mostrar coragem. Os poucos que o tentam, fazem-no gratuitamente, ou por qualquer ridicularia, sendo, como consequência apelidados de infantis ou inseguros. Numa sociedade como a nossa, não há espaço para heróis. Existem simplesmente pessoas, pessoas trabalhadoras, pessoas esforçadas, pessoas dedicadas e até mesmo pessoas corajosas. Mas nunca ninguém ouviu falar em “pessoas heróis”. Os heróis não são pessoas, são apenas Heróis!! Passaram a barreira de qualquer caracterização, comparação ou socialização. Para se ser herói é preciso ser-se altruísta, pensar mais nos outros do que em si próprio, a lutar por uma causa justa. Na sociedade de hoje seria um delito grave. Haver alguém que não pense só em si quebra o frágil equilíbrio da sociedade actual; Introduzir-lhe-ia um elemento tão estranho, que pela

Ridículo

Hoje, por uma razão para aqui pouco relevante, senti-me ridículo e, não sei porquê, resolvi explorar esse sentimento. Não quero fazê-lo por necessidade de o interpretar. Seria ridículo fazê-lo. O ridículo é intrínseco, não se interpreta; sente-se, não se avalia; aceita-se, não se contesta. Se se sentirem ridículos não tentem de forma alguma racionalizar esse sentimento, sob pena de não se conseguirem libertar dessa situação. O ridículo é um sentimentos resultado do espontâneo e do inesperado. É uma situação transitória que existe enquanto não aceite e assimilada. É um subterfúgio do nosso ego para não nos deixar repetir determinados erros. É o preço do amadurecimento que, por não ter sido naturalmente adquirido, teve que ser assim imposto. É necessário ter-se sido ridículo, para mais tarde realizar que só é ridículo quem na sua existência nunca foi ridículo, ou pelo menos nunca assim se sentiu. Tal como Fernando Pessoa se referia a que todas as cartas de amor são ridículas, mas qu

Quotidiano

Estou farto, cheio, saturado!!! Poderia estar a falar de comida, mas não. Falo antes de vida. Não da vida realmente vivida, mas da vida devida ao quotidiano dos outros, da vida dividida em fragmentos para acudir às necessidades e solicitações de tudo e de todos. O meu quotidiano não me assusta, assusta-me sim fazer parte do quotidiano dos outros. Quanto mais faço parte do quotidiano dos outros menos tempo tenho para o meu. O quotidiano enquanto meu é inesperado e flexível. Adaptável a mim! Ninguém consegue ser feliz se não tiver um bocadinho de tempo escondido, a que possa recorrer e roubar pequenos momentos de egoísmo solitário. Todos lutam pela felicidade da sociedade, mas não se lembram que ela passa pela felicidade individual. Experimentem negar um convite, qualquer que ele seja, dando a justificação de nesse momento preferirem estar sozinhos. Seremos imediatamente apelidados de egoístas, pedantes e anti-sociais, e teremos muita sorte se não nos pretenderem integrar numa terap