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Showing posts from 2007

Onde está Deus?

Desde sempre, que me lembro que sou gente, me perguntei quem seria Deus! Um pai magnânimo, omnipresente e omnipotente diziam-me uns; O ser mais bondoso e compreensivo diziam-me outros; O criador do Universo, que nos fez à sua imagem; Ou ainda o supremo juiz que nos vai mandar para o céu ou para o inferno? Que raio de ser é esse que é tão bondoso mas que ao mesmo tempo nos faz andar em constante terror de sermos castigados? Que raio de ser é esse, tão omnipresente e omnipotente, mas que é incapaz de mexer uma palha para impedir a maldade e os horrores que se passam no mundo à nossa volta? Com base nestas informações tão contraditórias larguei numa busca por esse personagem. Quanto mais procurava mais confuso ficava, sem perceber que não era Deus que me baralhava, era sim a interpretação que dele fazemos nós. Cada um de nós tem o seu Deus que mais lhe convém, e como as conveniências de cada um são todas diferentes, temos tantas interpretações de Deus quantas as pessoas do mundo.

Rio de Vida

A vida é como um rio, um curso de água imparável onde seguimos com todos que nos rodeiam. Um curso com muitos portos de embarque e desembarque, em que vão entrando e saindo as mais variadas personagens. Uns deixam-no a meio do nosso percurso e ficam para trás. Outros entram a meio do caminho para nos surpreender. Quando olho para os que em tempos me acompanharam, amigos hoje perdidos, avós falecidos, namoradas do passado, colegas de trabalho e outros, sinto necessidade de agradecer a todos; todos me preencheram a vida, todos contribuíram para o que sou hoje, todos, quer aqueles que me favoreceram quer os que me prejudicaram, participaram na construção do meu ego e muitos ainda irão contribuir para o Eu que um dia vai chegar ao términus deste rio de vida. O nosso porto de desembarque está algures lá à frente, à nossa espera, com data e hora marcada. Espero que ao olhar para trás, no momento imediatamente antes desse desembarque, possa dizer: -Foi muito bom ter vivido! Aos que já não m

Em Risco

Estar com a vida em risco, nem que seja por um escasso instante, faz-nos entrar na fronteira da nossa realidade e ficar, sem dar por isso, na fronteira dos nossos valores. Entra-se como que num limbo, onde a intuição se desenvolve com um sexto sentido, funcionando em contínuo onde antes existiam apenas aparições esporádicas e momentâneas. Após esse momento, por onde quer que passava, avaliava automaticamente os potenciais riscos; dava por mim a controlar trajectórias das pessoas, a corrigir velocidades dos meus passos, para não entrar em círculos de risco. É incrível como, nessas situações, o sentimento de vazio e solidão deixa espaço livre para o pensamento. É possível isolar momentos, emoções passadas e avaliá-las por si só sem interferências, quer de outros sentimentos à mistura, quer de preocupações presentes que deixamos que enevoem a clareza do pensamento: uns mais recentes e outros mais distantes. Quando o valor da vida é insignificante, qualquer problema que atormente essa mesm

Moda

A moda é um conceito estranhíssimo!! Alguém decide que agora se deve usar a roupa X ou Y, a cor W ou Z e todos passam a vestir-se de igual ou, numa versão menos radical, passam todos a vestir-se dentro de uma mesma corrente. Onde estará a origem deste estranho comportamento? Será que isto decorre do tribalismo inicial quando o homem sentia necessidade de pertencer e de se identificar com o grupo ou clã, para se sentir protegido e poder sobreviver? Nessa altura compreendia-se que para evidenciar uma maior coesão, se vestissem todos de igual e se pintassem da mesma cor! Mas nos dias de hoje? A necessidade de sobrevivência e de protecção do clã já não corre esse tipo de riscos e, portanto não deve ser por isso. Será que uma falta de gosto generalizada, resultante de deficiente sensibilidade e educação estética, leva uma certa maioria a adoptar os padrões de uma minoria pseudo-iluminada? Também não me convence esta! Será então unicamente uma vontade de variar? O resultado de nos cansarmos

"Copo meio cheio, meio vazio"

A forma como olhamos para a vida é uma sequência de meios copos. Copos meio cheios alternados com copos meio vazios. Algures no meio desta alternâncias vamos definindo a nossa felicidade, felicidade essa que depende da nossa capacidade de ver o meio copo meio cheio, ou de tentar não ver o copo meio vazio. Quando desejamos algo em demasia, a vida nesse momento assemelha-se a um copo meio vazio. Quando não esperamos ou não exigimos muito, o que se nos depara pelo caminho é antes um copo meio cheio. Poucos são os que olham para o seu copo com a capacidade de o ver cheio. A esperança ou a ambição, apesar de diferentes, levam-nos a procurar a metade que falta encher. Não há nisso nada de mal, desde que não nos esqueçamos que a metade existente deve ser aproveitada, gozada e vivida. Se nos dermos ao trabalho de olhar para a metade do copo existente, poderemos talvez descobrir que essa água é afinal um enorme oceano, uma mar de vida que se nos dermos ao trabalho de mergulhar nele não teremos