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Showing posts from April, 2007

Rio de Vida

A vida é como um rio, um curso de água imparável onde seguimos com todos que nos rodeiam. Um curso com muitos portos de embarque e desembarque, em que vão entrando e saindo as mais variadas personagens. Uns deixam-no a meio do nosso percurso e ficam para trás. Outros entram a meio do caminho para nos surpreender. Quando olho para os que em tempos me acompanharam, amigos hoje perdidos, avós falecidos, namoradas do passado, colegas de trabalho e outros, sinto necessidade de agradecer a todos; todos me preencheram a vida, todos contribuíram para o que sou hoje, todos, quer aqueles que me favoreceram quer os que me prejudicaram, participaram na construção do meu ego e muitos ainda irão contribuir para o Eu que um dia vai chegar ao términus deste rio de vida. O nosso porto de desembarque está algures lá à frente, à nossa espera, com data e hora marcada. Espero que ao olhar para trás, no momento imediatamente antes desse desembarque, possa dizer: -Foi muito bom ter vivido! Aos que já não m

Em Risco

Estar com a vida em risco, nem que seja por um escasso instante, faz-nos entrar na fronteira da nossa realidade e ficar, sem dar por isso, na fronteira dos nossos valores. Entra-se como que num limbo, onde a intuição se desenvolve com um sexto sentido, funcionando em contínuo onde antes existiam apenas aparições esporádicas e momentâneas. Após esse momento, por onde quer que passava, avaliava automaticamente os potenciais riscos; dava por mim a controlar trajectórias das pessoas, a corrigir velocidades dos meus passos, para não entrar em círculos de risco. É incrível como, nessas situações, o sentimento de vazio e solidão deixa espaço livre para o pensamento. É possível isolar momentos, emoções passadas e avaliá-las por si só sem interferências, quer de outros sentimentos à mistura, quer de preocupações presentes que deixamos que enevoem a clareza do pensamento: uns mais recentes e outros mais distantes. Quando o valor da vida é insignificante, qualquer problema que atormente essa mesm

Moda

A moda é um conceito estranhíssimo!! Alguém decide que agora se deve usar a roupa X ou Y, a cor W ou Z e todos passam a vestir-se de igual ou, numa versão menos radical, passam todos a vestir-se dentro de uma mesma corrente. Onde estará a origem deste estranho comportamento? Será que isto decorre do tribalismo inicial quando o homem sentia necessidade de pertencer e de se identificar com o grupo ou clã, para se sentir protegido e poder sobreviver? Nessa altura compreendia-se que para evidenciar uma maior coesão, se vestissem todos de igual e se pintassem da mesma cor! Mas nos dias de hoje? A necessidade de sobrevivência e de protecção do clã já não corre esse tipo de riscos e, portanto não deve ser por isso. Será que uma falta de gosto generalizada, resultante de deficiente sensibilidade e educação estética, leva uma certa maioria a adoptar os padrões de uma minoria pseudo-iluminada? Também não me convence esta! Será então unicamente uma vontade de variar? O resultado de nos cansarmos

"Copo meio cheio, meio vazio"

A forma como olhamos para a vida é uma sequência de meios copos. Copos meio cheios alternados com copos meio vazios. Algures no meio desta alternâncias vamos definindo a nossa felicidade, felicidade essa que depende da nossa capacidade de ver o meio copo meio cheio, ou de tentar não ver o copo meio vazio. Quando desejamos algo em demasia, a vida nesse momento assemelha-se a um copo meio vazio. Quando não esperamos ou não exigimos muito, o que se nos depara pelo caminho é antes um copo meio cheio. Poucos são os que olham para o seu copo com a capacidade de o ver cheio. A esperança ou a ambição, apesar de diferentes, levam-nos a procurar a metade que falta encher. Não há nisso nada de mal, desde que não nos esqueçamos que a metade existente deve ser aproveitada, gozada e vivida. Se nos dermos ao trabalho de olhar para a metade do copo existente, poderemos talvez descobrir que essa água é afinal um enorme oceano, uma mar de vida que se nos dermos ao trabalho de mergulhar nele não teremos